03/03/2017

ARTIGO - Bispo Dom Celso de Apucarana escreve sobre Quaresma

Quaresma: viver bem com Deus e com os irmãos rumo à Páscoa da Ressurreição
Apucarana, 01 de março de 2017
Eis que iniciamos mais uma vez o tempo litúrgico da Quaresma. É um tempo muito favorável para pensarmos e rezarmos nossa vocação cristã. A liturgia escolhe textos das Escrituras que nos convidam permanentemente à conversão. São textos que nos chamam a deixarmos o pecado e voltarmos para o Senhor. Converter-se significa deixar de viver de um jeito onde se busca a felicidade pessoal, egoisticamente, para uma vida diferente, uma vida com Deus, seguindo os seus mandamentos, mas em comunhão com os outros e em função do bem comum. Nenhuma pessoa deve ser excluída. Ninguém vai ao céu sozinho. Vamos juntos. Deus quer a salvação do seu povo que somos todos nós juntos. Não existe no céu um cantinho pra mim, outro pra você e outro para outra pessoa. O céu não está loteado. Viveremos juntos como irmãos contemplando a face do Deus eterno e misericordioso. Precisamos aprender a nos converter. Não deve ser uma conversão para nós mesmos. Tendo em vista a glória de Deus, a conversão não é para eu viver santamente pra mim mesmo. Mas para eu viver em santidade no convívio com os outros, na família, na comunidade eclesial e na sociedade. Portanto, vamos crescer na amizade com o Senhor para sermos mais amigos uns dos outros e, assim, vivermos em paz. Vamos nos converter para vivermos o céu já, aqui na terra. E depois, após nossa morte terrena, vamos experimentar o céu plenamente. Portanto, conversão consiste em deixarmos uma vida medíocre, mesquinha e egoísta para vivermos seriamente um compromisso com o reino de Deus já. A quaresma é um momento favorável para vivermos intensamente uma vida espiritual através dos meios que a Igreja nos propõe como o jejum, a oração e as obras de caridade. No Brasil, a Igreja ainda nos acrescenta uma outra obra importante que é a campanha da Fraternidade. Nesse ano, “o Texto-base da CF 2017 nos aponta ações concretas para o cuidado e cultivo da Casa Comum. Com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Cf. Gn 2,15), a iniciativa traz uma reflexão sobre o meio ambiente e sugere uma visão global das expressões da vida e dos dons da criação. A Campanha da Fraternidade deste ano intenciona suscitar uma nova consciência e novas práticas na defesa dos ambientes essenciais à vida. Além disso, o subsídio chama atenção ainda para a necessidade de a população defender o desmatamento zero para todos os biomas e sua composição florestal” (CNBB). Então, podemos dizer que a nossa quaresma será bem vivenciada se nos exercitarmos para vivermos mais perto de Deus e de cada pessoa através do jejum, da oração, das obras de caridade e de um compromisso com o que nos sugere a Campanha da Fraternidade. Vivendo assim, estaremos favorecendo a todos um ambiente saudável, físico, afetivo e espiritualmente. E com toda a certeza, agindo assim, estaremos no caminho de Jesus, nosso amigo fiel e companheiro inseparável que nunca nos abandona, mesmo quando pecamos. Ele caminha conosco e, pacientemente, espera que nos manifestemos a favor de seu projeto de salvação de toda a humanidade, pois é essa a vontade de Deus. Que nesta quaresma, desejosos de uma experiência de Deus mais autêntica, estejamos com as portas do nosso coração totalmente abertas ao outro, porque cada pessoa é um dom, seja ela parte de nossa família, ou nosso vizinho ou o pobre desconhecido, conforme diz o nosso papa. A Quaresma é “um tempo propício para abrirmos a porta a cada necessitado e nele reconhecermos o rosto de Cristo. Cada um de nós o encontramos no próprio caminho. Cada vida que se cruza conosco é um dom e merece aceitação, respeito, amor. A Palavra de Deus que vamos rezando em todo o período quaresmal nos ajuda a abrir os olhos para acolhermos a vida e amá-la, sobretudo quando é frágil. Aproveitemos deste tempo favorável para nos renovarmos, encontrando Cristo vivo na sua Palavra, nos Sacramentos e no próximo. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados” (Papa Francisco). Olhando a Virgem Maria que caminha silenciosamente, acompanhando Jesus até o calvário, vamos nós também, neste tempo de intensa espiritualidade, acompanhar com muito carinho aqueles que sofrem calados a sua dor e a sua fragilidade.   (Escrito por Dom Celso A. Marchiori Bispo de Apucarana)

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