Uma vocação "específica" à santidade: a vida espiritual do Sacerdote
Apucarana, 01 de agosto de 2016
"Despojou-se a si próprio, assumindo a condição de servo e tornando-se igual aos homens; aparecendo em forma humana, humilhou-se a si mesmo fazendo-se obediente até à morte e morte de cruz" (Fl 2, 7-8). Todos somos chamados a viver em santidade e não há exceção. Alguns chegam antes, outros depois. E alguns, por motivos desconhecidos, vivem sem descobrir o tesouro escondido em nosso pobre coração. O mês de agosto é um mês dedicado às vocações, a todas as vocações da Igreja: família, sacerdotes, diáconos, leigos e leigas. Sem distinção, todos somos chamados à santidade que consiste em vivermos decididamente o evangelho de Jesus, ou seja, vivermos como Jesus que em tudo fez unicamente a vontade de Deus. Dentro deste contexto, quero partilhar alguns pensamentos sobre a vida espiritual dos sacerdotes, pois somos os primeiros a dar esse testemunho de uma vida de comunhão com Deus. O Concílio Vaticano II, quando fala da vida espiritual dos presbíteros no Decreto Presbiterorum Ordinis, além de dar um grande estímulo, chama todos os presbíteros à responsabilidade de serem santos. O texto conciliar diz que os sacerdotes, pelo sacramento da Ordem, configurados a Cristo Sacerdote e como colaboradores dos bispos, são feitos ministros para a edificação da Igreja. A santidade dos presbíteros, portanto, tem por finalidade o bem da Igreja, o desenvolvimento do reino de Deus e a salvação de todas as pessoas. Como todos os fiéis, desde o Batismo, os presbíteros receberam este dom e foram assinalados com esta vocação e graça, para que, apesar das fraquezas humanas possam alcançar o que Jesus nos propõe: “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5, 48). Entretanto, os sacerdotes, especialmente, estão obrigados, pela força do sacramento da Ordem, a buscar de todas as formas esta perfeição proposta por Cristo, justamente por serem instrumentos vivos do sacerdócio de Cristo. Deste modo, eles têm condições favoráveis para prosseguirem com a missão de Cristo que, eficazmente, restaurou a humanidade inteira. A santidade dos sacerdotes tem como fonte a própria santidade de Cristo. Sem Cristo nada podemos fazer. Assim sendo, é necessário cultivar essa santidade por diversos meios, tais como a constância na oração, especialmente a liturgia das horas, a leitura orante da Palavra de Deus, a Eucaristia, a devoção à Virgem Maria e a caridade pastoral. E ainda, em comunhão com o bispo e o presbitério, com um espírito profundamente missionário, dedicar-se zelosamente em favor da vida das pessoas que lhes foram confiadas, como também terem um coração aberto para acolher todas as necessidades da Igreja com um olhar eclesial para além-fronteiras, pois a Igreja não está encerrada num território paroquial e nem diocesano, mas o mundo inteiro é campo de missão para quem recebeu o sacramento da ordem. Enfim, “chamado a reviver a autoridade e o serviço de Jesus Cristo Cabeça e Pastor da Igreja, animando e guiando a comunidade eclesial, ou seja, "reunindo a família de Deus como fraternidade animada na unidade", conduzindo-a ao Pai "por meio de Cristo no Espírito Santo", o ministério presbiteral exige uma vida espiritual intensa, rica daquelas qualidades e virtudes típicas da pessoa que "preside" e "guia" uma comunidade: a fidelidade, a coerência, a sapiência, o acolhimento de todos, a afável bondade, a autorizada firmeza quanto às coisas essenciais, a libertação de pontos de vista demasiado subjetivos, o desprendimento pessoal, a paciência, o gosto pela tarefa diária, a confiança no trabalho escondido da graça que se manifesta nos simples e nos pobres (cf. Tt 1, 7-8)” (Cf. Pastores Dabo Vobis, 2) . Em nossas orações, motivados pela fé e caridade, lembremos-nos de nossos sacerdotes para que sejam, continuamente, homens de fé e de oração, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, que, na humildade e mansidão, se apresentem aos fiéis como sinais luminosos da presença de Cristo que os chamou para partilhar sua vida com eles. (Artigo do mês de Agosto, de 2016, do Bispo Dom Celso Antônio Marchiori)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
LEIA ANTES DE COMENTAR!
- Os comentários são moderados.
- Só comente se for relacionado ao conteúdo do artigo acima.
- Comentários anônimos serão excluidos.
- Não coloque links de outros artigos ou sites.
- Os comentários não são de responsabilidade do autor da página.
Para sugestões, use o formulário de contato.
Obrigado pela compreensão.