POLÊMICA – Apucarana rumo a “farra das diárias” bancada com dinheiro público

Nas redes sociais, o presidente da  Câmara dá aulas de fiscalização. Resta saber como anda a fiscalização das diárias no próprio legislativo  

BERIMBALADAS - Quase R$ 300 mil é o valor gasto até o momento, ou para ser mais preciso, em menos de cinco meses (janeiro a 18 de maio),  pela Câmara Municipal de Apucarana com as famosas diárias, que têm sido alvo constante de críticas em diversos municípios do Paraná e de todo Brasil. A principal queixa do cidadão é simples: por que uma visita de vereador a gabinetes de deputados,  muitas vezes acompanhada de fotos para promoção pessoal nas redes sociais,  precisa ser bancada com dinheiro público? Grande parte dessas viagens tem como justificativa a realização de cursos, alguns deles oferecidos gratuitamente pelo Tribunal de Contas, inclusive em formato online. Ainda assim, parlamentares deixam o estado, viajam para outras regiões, e tudo é custeado com recursos do contribuinte. O mais contraditório é que, durante a campanha eleitoral, muitos desses vereadores se dizem preparados para exercer a função de legislar e fiscalizar. No entanto, após eleitos, alegam que precisam frequentar uma série de cursos para aprender o que, teoricamente, já deveriam saber. E o que era para ser uma capacitação, muitas vezes, se revela apenas como pretexto para solicitação de diárias, como já foi denunciado em outras ocasiões. Após denúncia encaminhada ao Blog do Berimbau, a reportagem apurou que, apenas em 2025, até meados do mês 05, a Câmara de Apucarana já desembolsou R$ 277.112,50 com diárias. Apesar também do uso justificado por servidores, a maior parte desse valor foi usada em viagens e cursos fora da cidade, com escasso ou nenhum retorno prático à população. Há casos em que cada viagem ultrapassa os R$ 6 mil por vereador. Embora a prática seja legal, ela levanta sérias dúvidas sobre sua real necessidade e impacto. Enquanto Apucarana enfrenta desafios urgentes nas áreas de saúde, infraestrutura e educação, parte do Legislativo segue custeando deslocamentos com dinheiro público para eventos que pouco contribuem com o dia a dia dos munícipes. A análise do relatório oficial revelou ainda que alguns vereadores têm solicitado mais de uma diária por semana, evidenciando uma frequência incomum de deslocamentos,  todos pagos com recursos públicos. Se o ritmo atual de gastos for mantido, a estimativa é de que, até o final de 2025, os valores ultrapassem R$ 600 mil. Em quatro anos, o montante pode chegar a quase R$ 2,5 milhões. Procurado por telefone, o presidente da Câmara, vereador Danylo Acioli, afirmou que não tinha conhecimento detalhado dos valores e que, quando a solicitação chega com justificativa, o pagamento é autorizado. Questionado sobre a incoerência entre o discurso de que o vereador deve fiscalizar, assim como consta na rede social de Acioli (clique e veja), e a ausência de controle sobre os próprios gastos do Legislativo, o nobre edil disse que fiscaliza sim e que há limites estabelecidos para as diárias de cada parlamentar. Se compararmos os gastos de Apucarana com municípios do mesmo porte, ou com cidades da região, como Arapongas, fica evidente que a  palavra "farra", não seria um exagero. Como citado, falamos por telefone com o presidente e estamos a disposição para maiores esclarecimentos. Nossa equipe seguirá acompanhando de perto a movimentação dos gastos no Legislativo e também está de olho em outras esferas do poder público, como o Executivo. Se houver exageros, o cidadão será informado com clareza sobre onde está sendo gasto o dinheiro do povo. Clique aqui é confira as diárias no Portal de Transparência da Câmara Municipal.