10/12/2016

CORRUPÇÃO - DELATOR

Temer pediu contribuições a Marcelo Odebrecht, diz ex-diretor em delação. O ministro Padilha, o secretário Moreira Franco, o presidente do Senado, Renan,  e os senadores Eunício Oliveira e  Jucá, são também citados
O Jornal Nacional divulgou matéria  sobre a delação de outro executivo da Odebrecht, Claudio Melo Filho, que relatou doações oficiais e de caixa 2 feitas a políticos com o intuito de conseguir vantagens para a construtora. O delator da Odebrecht cita vários nomes do PMDB, incluindo o atual presidente Temer, o ministro Eliseu Padilha, o secretário Moreira Franco, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e os senadores Eunício Oliveira e Romero Jucá, entre outros.   Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, detalhou aos investigadores como repassava propina ao PMDB, no Senado e na Câmara, e quais as contrapartidas que recebia. Ele afirma que seu principal interlocutor no Senado era Romero Jucá, hoje líder do governo no Congresso. E que Jucá era o principal responsável pela arrecadação de recursos financeiros dentro do PMDB no Senado e a distribuição para as campanhas eleitorais.   Cláudio afirmou que os fatos narrados por ele na delação estavam fundamentados numa certeza: todo o apoio à Odebrecht dado por Jucá teria nos momentos de campanha uma conta a ser paga.  O delator disse: “A insinuações não deixavam dúvidas de que no momento certo ele seria demandado pelo parlamentar e que a maior parte das demandas ocorria em períodos eleitorais”.   O ex-diretor afirmou que estava entendido que os apoios aos pleitos da empresa seriam posteriormente equacionados no valor estabelecido para contribuição a pretexto de campanha eleitoral, fosse ela realizada de forma oficial ou via caixa 2. Cláudio conta que solicitava aprovação das contribuições ao senador Romero Jucá e a Marcelo Odebrecht. Essas contribuições eleitorais eram definidas, medidas e decididas de acordo com a relevância dos assuntos de interesse da Odebrecht que tinham sido defendidos pelo parlamentar.  Cláudio disse que ao conversar com Jucá tinha certeza que estava falando também com Renan Calheiros, atual presidente do Senado, e com o senador Eunício Oliveira, todos do PMDB. Cláudio afirmou que ao longo dos anos participou de pagamentos a Romero Jucá que hoje superam os R$ 22 milhões e que teve conhecimento que esses valores eram centralizados em Jucá e posteriormente redistribuídos em seu grupo do PMDB.O ex-diretor listou algumas das medidas defendidas por Jucá no Senado que interessavam à Odebrecht. Elas se referem entre outros a regimes tributários, regulação de concorrência, dívidas com o governo e o regime especial para a indústria petroquímica.   Cláudio Filho também contou como funcionava o repasse para o PMDB na Câmara, liderado por três nomes: o atual presidente Michel Temer, Eliseu Padilha, atual ministro-chefe da Casa Civil, e Moreira Franco, também com cargo no Palácio do Planalto.  Segundo o ex-diretor, as arrecadações financeiras eram feitas principalmente por Eliseu Padilha e em menor escala por Moreira Franco.  Cláudio afirmou que Michel Temer “atuava de forma muito mais indireta, não sendo seu papel pedir contribuições financeiras para o partido, embora isso tenha ocorrido de maneira relevante no ano de 2014”.   Mas Cláudio disse que ao menos vez Michel Temer pediu pessoalmente contribuições. Foi no jantar, possivelmente em maio de 2014, e que nesse jantar Michel Temer solicitou “direta e pessoalmente a Marcelo Odebrecht apoio financeiro para as campanhas de 2014”.  Nesse jantar, sempre segundo Cláudio, Marcelo Odebrecht definiu que seria feito o pagamento no valor de US$ 10 milhões. Deste valor, Cláudio Filho disse que US$ 6 milhões foram para a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo e US$ 4 milhões ficaram de ser alocados por Eliseu Padilha. Cláudio disse que parte desse dinheiro foi entregue no escritório de José Yunes, que hoje é assessor especial da Presidência da República, o que deixa a entender que o repasse foi em dinheiro vivo.   O documento não se limita a esses políticos. Fala ainda em Renan Calheiros, citado com o codinome Justiça, a quem Cláudio destinou R$ 500 mil da Odebrecht. Estão citados também entre outros Jaques Wagner, Antônio Palocci, Ciro Nogueira, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Maia, Lúcio Vieira Lima, Gim Argello, José Agripino Maia, Marco Maia, Arthur Maia e Kátia Abreu.   Segundo Cláudio, todos esses nomes ajudaram os relacionamentos da empresa com o governo e com o Congresso, feitas as doações legais ou em caixa 2, sempre com o mesmo objetivo: obter algum tipo de vantagem para a Odebrecht.   O depoimento ao qual o Jornal Nacional teve acesso poucos minutos antes desta edição tem 82 páginas. Os políticos citados sempre negaram que as doações fossem ilegais ou em troca de algum favor.    As respostas   -  O Palácio do Planalto declarou que esses fatos denunciados jamais ocorreram e que toda doação da Odebrecht foi feita por transferência bancária e declarada ao TSE. A Presidência afirmou que repudia veementemente o que chamou de falsas informações do delator.  O ministro Moreira Franco disse que a informação é mentirosa, e que jamais falou sobre política ou recursos para o PMDB com Cláudio Melo Filho.  O senador Romero Jucá, do PMDB, declarou que desconhece o conteúdo da delação de Cláudio Melo Filho. Ele negou que recebesse recursos para o partido e disse que está à disposição da Justiça. O presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB, disse que jamais autorizou ou consentiu que terceiros falassem em seu nome em qualquer circunstância. Ele disse ainda que não há chance de serem encontradas irregularidades em suas contas pessoais ou eleitorais; que elas já são investigadas há nove anos sem que nenhuma prova fosse encontrada contra ele.    O senador Eunício Oliveira, também do PMDB, afirmou que todos os recursos de suas campanhas foram recebidos, declarados e aprovados pela Justiça Eleitoral. Ele disse ainda que nunca autorizou ninguém a negociar em seu nome recursos para favorecer empresas públicas ou privadas.   O ministro Eliseu Padilha não quis se manifestar.  A Odebrecht declarou que não se manifesta sobre negociação com a Justiça, e repetiu que reforça o seu compromisso com uma atuação ética, íntegra e transparente. (Jornal Nacional)

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