19/03/2017

OPERAÇÃO CARNE FRACA

A Justiça Federal determinou o bloqueio de até R$ 1 bilhão de 46 pessoas investigadas na Operação “Carne Fraca”
Segundo a Polícia Federal, 36 pessoas foram presas e duas estão foragidas: o empresário do frigorífico Frigobeto, de Apucarana, que estaria na  Itália, e o filho, diretor da empresa. Em São Paulo, o gerente de relações governamentais e institucionais da BRF - Brasil Foods, Roney Nogueira, que teve a prisão decretada na sexta-feira (17 de março), se entregou neste sábado (18 de março) à Polícia Federal. Os advogados disseram que ele estava na África do Sul e retornou na madrugada deste sábado. Roney será transferido para Curitiba na terça-feira (21 de março). Ele está numa das gravações feitas pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca, que investiga a denúncia de que empresas e frigoríficos pagavam propina a fiscais do Ministério da Agricultura para escapar de fiscalização sanitária. De acordo com os investigadores, Roney Nogueira teria tratado de propina com Dinis Lourenço, chefe do Departamento de Inspeção do Ministério da Agricultura em Goiás. Seria para impedir que o funcionamento da unidade da BRF na cidade de Mineiros fosse suspenso, por contaminação por uma bactéria. No despacho do juiz, a unidade, que processa frango e peru, aparece apenas como "fábrica da BRF em Mineiros, Goiás". Segundo a Polícia Federal, uma conversa gravada entre Roney Nogueira e André Baldissera, diretor da BRF, indica que Dinis Lourenço pediu apoio em uma campanha eleitoral para que unidade continuasse funcionando. Dinis e André Baldissera também estão presos.  CONVERSA - Roney: Aí ele pediu o seguinte, que hoje, ele tá, o Dinis tá pra assumir como o superintendente. Porque a bancada que cuida aqui do Ministério da Agricultura é do PDT. E para ele ficar como superintendente ou ficar ou ficar no Sipoa ele tem de dar resultado para a bancada do PDT. Ele pediu apoio da BRF aí nas eleições municipais, tá. André: Ah, vamos fazer.   Roney: Agora eu vou cobrar ele. Entendeu. Se ele quer a minha ajuda, ele vai ter que bater no peito e conseguir isso aí pra gente. E se não conseguir, eu não consigo nada. Entendeu?  André: Essa é uma notícia muito boa.   Sipoa é o Departamento do Ministério da Agricultura responsável pela fiscalização de produtos de origem animal. Não há informação no despacho se o apoio político foi efetivado.  Mas, segundo o juiz Marcos Josegrei, a unidade de Mineiros não foi fechada, ao que tudo indica, pela influência de Roney Nogueira e André Baldissera. A BRF é um dos maiores grupos produtores de alimentos do Brasil e dona de marcas como Sadia e Perdigão. A Polícia Federal não informou quais marcas da empresa eram produzidas na unidade de Goiás. A fábrica da BRF em Mineiros foi interditada na sexta-feira (17) pelo Ministério da Agricultura. Neste sábado (18), caminhoneiros estavam parados à espera de liberação das notas fiscais para poder transportar as cargas. Também foram interditadas duas unidades da Peccin Agroindustrial: em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, e Curitiba. A Peccin produz derivados de frango, porco e embutidos em geral, com a marca Peccin. A Justiça determinou a busca e apreensão em 71 empresas e órgãos públicos, onde documentos foram apreendidos. Na lista, estão escritórios do Ministério da Agricultura, de contabilidade e de advocacia, consultorias e 22 frigoríficos e empresas de alimentos. Outro grande grupo de produção de alimentos, o JBS, responsável pelas marcas Seara, Friboi, Big Frango e Swift, está entre os investigados. Três unidades ligadas à empresa foram alvos da operação, nenhuma unidade foi interditada. Em Rolândia, no Paraná, e em Goiânia são feitos o abate e a desossa de bovinos. A unidade da Lapa, no Paraná, é especializada no abate e processamento de frangos.  As investigações da Polícia Federal começaram há dois anos, quando um dos fiscais do Ministério da Agricultura no Paraná decidiu denunciar fraudes. Até agora, a Polícia Federal não informou quais marcas, produtos e lotes específicos estão sob investigação, nem o destino das mercadorias suspeitas de terem problemas. A Justiça determinou o bloqueio de até R$ 1 bilhão de 46 investigados, por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e crime contra a saúde pública. Neste sábado, o Banco Central informou que identificou nas contas deles pouco mais de R$ 2 milhões.   Em Curitiba, a Secretaria de Saúde do Paraná divulgou uma nota declarando que aguarda informações da Polícia Federal sobre quais são as marcas, produtos e os lotes investigados para começar as vistorias.   Continue lendo
 Defesas  -  A BRF declarou que a fábrica interditada de Mineiros está habilitada pra exportar para os mercados mais exigentes do mundo, como Canadá, União Européia, Rússia e Japão e que isso significa que segue as diferentes normas estipuladas por esses países.  Segundo a empresa, uma auditoria do Ministério da Agricultura, no fim de fevereiro, considerou a unidade apta a manter suas operações. A companhia também afirmou que a interdição é preventiva e temporária e que vai durar até que apresente as informações que atestem a segurança e a qualidade de seus produtos, o que vai acontecer em breve, uma vez que, segundo a companhia, os processos e os padrões estão entre os mais rigorosos do mundo.  A BRF declarou, ainda, que a empresa e seus técnicos respeitam os princípios éticos e legais do brasil e dos países para os quais exporta, que não compactua com práticas ilícitas, que está realizando uma apuração independente e que tomará medidas cabíveis, caso seja verificado qualquer ato incompatível com a legislação.  A empresa também declarou apoio à fiscalização do setor e ao direito de informação da sociedade, com base em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de companhias idôneas e gerar alarme na população.  A JBS declarou que a qualidade é a sua maior prioridade e a razão de ter se transformado na maior empresa de proteína do mundo. Acrescentou que exporta para mais de 150 países, como Estados Unidos, Alemanha e Japão e que é auditada por missões sanitárias internacionais e por clientes.  A empresa afirmou que, no Brasil, há dois mil profissionais dedicados exclusivamente a garantir a qualidade dos produtos JBS e das marcas Friboi e Seara e que 70 mil funcionários têm treinamento obrigatório nessa área todos os anos.  A JBS afirmou, ainda, que no despacho da justiça não há menção a irregularidades sanitárias da empresa, que nenhuma fábrica dela foi interditada, que nenhum executivo da companhia foi alvo de medidas judiciais e que não compactua com desvios de conduta. Por fim, a JBS afirmou que reforça o comprometimento com a qualidade de seus produtos e que reitera seu compromisso com o aprimoramento das práticas sanitárias.   O advogado de Diniz Lourenço disse que a suspeita contra o cliente não tem comprovação e que não vai se sustentar depois do depoimento dele.
A defesa de Roney Nogueira afirmou que o cliente retornou ao Brasil assim que soube do decreto de prisão para prestar os esclarecimentos necessários.  A defesa de André Luis Baldissera afirmou que não vai se manifestar até ter acesso a todo o conteúdo do processo.  O PDT de Goiás declarou que não tem envolvimento com nenhum Ministério. A Pecín informou que repudia o que chamou de falsas alegações que levaram às prisões de seus diretores, e que tem interesse em contribuir com as investigações.
O Jornal Nacional não conseguimos contato com as defesas de Nilson Alves Ribeiro, Nilson Sachelli Ribeiro, e com o Frigo-Beto. (Fonte - Jornal Nacional)

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