29/03/2025

A virose em estufas de tomate em Faxinal e região e causou prejuízos de R$ 70 milhões

Uma virose  provocada pela mosca-branca tem provocado impactos drásticos na produção de tomate em Faxinal, Cruzmaltina, Marilândia do Sul e outros municípios da região. O surto iniciou-se no final de 2024 e se espalhou rapidamente pelas estufas da região, resultando em prejuízos estimados em R$ 70 milhões apenas no primeiro semestre de 2025, segundo levantamento técnico do IDR-PR e da Secretaria Municipal de Agricultura de Faxinal. De acordo com o agrônomo Reginaldo Pavesi, que também é secretário de Agricultura de Faxinal, a infestação de mosca-branca teve pico entre novembro e dezembro, favorecendo a disseminação de uma virose do grupo dos geminivírus, que afeta diretamente o tomate. “Percebemos que as estufas com cultivares mais sensíveis foram as mais atingidas. Muitas mudas chegaram a ser arrancadas ainda no início do ciclo. Em alguns casos, produtores perderam 100% das plantas”, explicou. O relatório aponta que mais de 3,5 milhões de mudas foram transplantadas e posteriormente arrancadas, gerando um prejuízo direto de R$ 10,5 milhões somente em mudas perdidas. A área cultivada com tomate na região é de aproximadamente 390 hectares, com grande parte da produção direcionada ao CEASA de Londrina. A virose causou paralisação do crescimento das plantas, má formação dos frutos e qualidade inferior, inviabilizando a comercialização em muitos casos. Além do impacto direto na produção, o atraso no replantio,  com adoção tardia de cultivares tolerantes ao geminivírus,  deve comprometer também o calendário de colheita. “A nova safra vai pegar o período de dias curtos e temperaturas baixas, o que prejudica o desenvolvimento e aumenta o risco de geadas”, alerta Reginaldo. Ele ainda cita que a produção regional coincidirá com o pico de oferta de outros estados produtores, como SP, MG e GO, derrubando os preços ainda mais. O cenário é ainda mais preocupante do ponto de vista social. Segundo o IDR-PR, muitas famílias de trabalhadores que atuavam nas lavouras de tomate estão deixando o campo em busca de oportunidades em cidades maiores. “Estamos vendo um movimento de êxodo rural acelerado, especialmente entre os jovens. Sem mão de obra, a diversificação da agricultura fica ainda mais difícil”, destaca o relatório. Reginaldo Pavesi informou que a prefeitura de Faxinal, em conjunto com órgãos estaduais e federais, já encaminhou um pedido para reconhecimento de estado de emergência pela defesa civil, o que pode viabilizar apoio financeiro, linhas de crédito emergenciais, renegociação de dívidas e até compra de insumos por programas como o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O secretário reforça que o produtor deve buscar assistência técnica e optar por cultivares tolerantes à virose, além de melhorar o manejo da lavoura com controle periódico da mosca-branca, uso de produtos alternados ou biológicos e a eliminação imediata de plantas infectadas. “A maioria das áreas afetadas não tinha seguro, e os produtores estão agora com dívidas e sem renda. O prejuízo foi grande, e a recuperação deve levar mais de um ano”, concluiu.

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