01/08/2020

Apucarana promove carreata contra feminicídio

Rede de proteção contra a violência doméstica no município alia-se a grupo de advogadas para chamar a atenção para o problema; Paraná ocupa terceira posição em ranking nacional de crime
 A tarde desta sexta-feira (31/7) teve movimento incomum pelas vias de tráfego da cidade: em diversas ruas do centro era possível ver um comboio de carros com balões de gás rosa e lilás, uma viatura da Polícia Militar e outra da Guarda Civil Municipal buzinando por todo o percurso, chamando a atenção para veículos da secretaria da Mulher e de Assuntos da Família com cartazes do Mês Estadual de Combate ao Feminicídio. A carreata reuniu cerca de 50 veículos e teve duração de uma hora, com início e fim em frente à Delegacia da Mulher. O Paraná, terceiro Estado no ranking nacional de assassinatos de mulheres pelo fato de serem mulheres – feminicídio – ou seja, assassinatos cometidos por questão de gênero, decidiu, para fazer frente à posição, realizar um conjunto de ações ao longo de julho, para sensibilizar a sociedade a respeito do crime. “Quero lembrar que esse é um crime considerado qualificado, hediondo, que deve render ao agressor de 12 a 30 anos de cadeia”, adverte a secretária da Mulher Denise Canesin.  O juiz Oswaldo Soares Neto, diretor do Fórum de Apucarana, ressaltou a importância vital da rede de combate à violência doméstica. “Quero dizer a todos que a rede em Apucarana é muito unida, e funciona”, afirmou. Ele lembrou que em julho de 2020 completaram-se 14 anos da Lei Maria da Penha que, segundo ele, “é um instrumento legal que veio dar maior proteção, concreta, às mulheres em situação de violência doméstica”, destacou.   “Hoje, Apucarana tem grande união das instituições, temos aqui a Dra. Sandra Nepomuceno, Delegada da Mulher, a secretaria Municipal da Mulher, por meio da secretária Denise Canesin, um grupo de mulheres advogadas, o Poder Executivo Municipal, a Guarda Municipal, a Polícia Militar, o Poder Judiciário: todos unidos, mostrando que em Apucarana temos uma forte rede de proteção à mulher, que ela tem a quem denunciar a violência que está sofrendo. Denuncie, saia do ciclo de violência”, invocou o juiz.  Campanhas simultâneas  -  No mês de julho, as iniciativas para combater a violência contra a mulher vieram espontaneamente, da sociedade civil. Este é o caso do vídeo lançado dia 16 pelo 10º Batalhão da Polícia Militar, em Apucarana. Também foi lançada, no meio de julho, a campanha ‘‘Sinal vermelho contra a violência doméstica”, uma iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com apoio da Associação Industrial, Comercial e Empresarial de Apucarana (Acia), Sindicato do Comércio Varejista de Apucarana (Sivana) e da Câmara da Mulher.   A ação tem a participação de mais de 10 mil farmácias em todo o país, além de diversas entidades apoiadoras. A ideia da campanha surgiu do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), para atender mulheres que não podem sair de casa e que não dispõem, sequer, da possibilidade de fazer denúncia por meios digitais.  Em 22 de junho, o Paraná celebrou o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio – data escolhida pela vereadora de Guarapuava, Cristina Silvestre, para lembrar o assassinato da advogada Tatiane Spitzner pelo marido, ocorrido em 22 de julho de 2018 naquela cidade do Centro-Sul do Estado, a fim de chamar a atenção da data do crime violento que chocou o país.  A live foi transmitida pelo Facebook, e teve a participação da secretária Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres de Maringá, Claudia Palomares, da ex-secretária de Políticas Públicas para as Mulheres de Maringá, Priscila Schran, e a secretária da Mulher e Assuntos da Família de Apucarana, Denise Canesin. (Leia mais no link abaixo)
    PM: violência escalada    -  A Polícia Militar recebeu mais de mil ligações para o 190 apenas nos seis primeiros meses do ano. Houve nesse período um aumento de 64% das ocorrências com lesões corporais. A secretária Denise Canesin ressalta que as campanhas propondo ações de combate à violência, que vêm sendo divulgadas ao mesmo tempo, também levam ao crescimento dos números, porque há crescente número de denúncias.  “O feminicídio tirou a vida de 50 mil mulheres entre 2000 e 2010. Temos que fazer entender que a violência é uma escalada sim, que pode terminar em tragédia, como acontece, infelizmente, com muita frequência”, afirmou. “Sim, os números aumentaram muito nesse primeiro semestre. Para dar uma ideia em números locais, o CAM costuma atender cerca de 18 casos novos por mês, isto é, de mulheres que nunca passaram por atendimento. No mês passado, houve 43 novos atendimentos.    Números alarmantes   -  Os números que descrevem a violência contra as mulheres no Brasil apontam para a existência de um problema agudo e de longa duração. A violência fatal atingiu cerca de 50 mil mulheres em uma década, com uma taxa de morte de 4,6 por 100 mil habitantes.  Antes de sair em carreata, o prefeito Júnior da Femac salientou que a mulher, no município, não está sozinha, e pode contar com atenção especial da cidade que não tolera violência contra ela. “É muito importante destacar que você, mulher, não está sozinha em Apucarana. Desde 2013, nossa gestão tem uma preocupação constante com a mulher, prova disso está nos equipamentos municipais como o CAM, como a Secretaria da Mulher, como a Patrulha Maria da Penha. Saímos na frente em todo o Estado com o lançamento do botão do pânico”, destacou o prefeito.   O prefeito salientou ainda que a violência não escolhe raça, classe social, religião. “A voz de tantas mulheres que não têm voz está hoje aqui presente entre nós, nessa carreata. O machismo, formado por uma classe de valentões, faz com que os homens sejam pôneis fora de casa e cavalos com a mulher. Nós estamos aqui para lembrar: feminicídio é crime e como tal será punido”, disse.   Uma prisão por dia  -  A delegada da Mulher, Sandra Nepomuceno, lembrou que na Polícia Civil os números também chocam. “Nos primeiros seis meses do ano tivemos uma prisão por dia da semana, 22 prisões por mês por violência doméstica contra a mulher. São números muito altos, que nos assustam”, ressaltou. Para ela, as denúncias também cresceram durante a pandemia. “O isolamento social, o desemprego e a questão financeira são os maiores motivos do aumento de denúncias”, realçou.  Serviço  -  A Secretaria da Mulher e Assuntos da Família atende de segunda à sexta-feira, das 8 às 17h, no CAM (atendimento presencial) ou pelos telefones   (43) 3422-4479 e pelo 0800-6454479. Todos os atendimentos são sigilosos e gratuitos. Há equipe multiprofissional capacitada para prestar esclarecimentos e ajudar nos encaminhamentos, com assistente social, psicóloga e advogada.

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