Prefeita Rosana de Bom Sucesso fala em colapso financeiro e dívida de R$ 22 milhões

A prefeita de Bom Sucesso, "Rosana do Ná", anunciou nesta quinta-feira (30 de janeiro), durante entrevista coletiva comandada pelo repórter Ronaldo Senes, "Berimbau" da Rádio Nova Era FM, que a cidade enfrenta um colapso financeiro, com uma dívida acumulada de aproximadamente R$ 22 milhões, herdada da gestão anterior. A crise compromete serviços essenciais e levou a administração municipal a decretar o fechamento da prefeitura por 90 dias, período em que será feito um levantamento detalhado das contas e contratos. Rosana destacou que não houve transição de governo, dificultando o acesso a informações sobre a real situação financeira do município. Segundo o levantamento da nova gestão, a dívida inclui R$ 9 milhões com fornecedores, alguns débitos pendentes desde 2017, além de R$ 1,2 milhão referentes à folha de pagamento de dezembro, R$ 500 mil de repasse do INSS para aposentados e valores pendentes do 13º salário, deixando funcionários sem pagamento há três meses. A prefeita lamentou o impacto da situação sobre os servidores. “Os servidores trabalharam e não receberam. Muitos dependem desse dinheiro para comer, pagar aluguel e comprar remédios. Isso tira meu sono”, desabafou. Além das dívidas com salários, o município enfrenta dificuldades para manter serviços básicos. O pátio de máquinas da prefeitura está sucateado, com veículos quebrados, sem pneus, baterias ou manutenção, e sem contratos de licitação vigentes para reposição. Na saúde, não há recursos para a compra de medicamentos, e os leitos do hospital municipal foram levados pela empresa prestadora de serviço no último dia 31 de dezembro. Há também uma dívida de aproximadamente R$ 300 mil com o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (CISVIR), que precisa ser renegociada para garantir o atendimento da população. A prefeita revelou que a cidade não possui dinheiro em caixa e que várias obras foram deixadas inacabadas. Algumas delas dependem de contrapartidas financeiras elevadas, como a construção da super creche, que exige um investimento municipal de R$ 1,58 milhão, enquanto a arrecadação total do município gira em torno de R$ 2,6 milhões. A nova sede da Câmara Municipal também exige um aporte. A redução no quadro de funcionários agrava ainda mais a situação. No fim da gestão anterior, foram extintos 309 cargos, incluindo trabalhadores da limpeza pública, serviços gerais e educação. Além disso, a prefeitura foi impedida de contratar servidores emergenciais devido à revogação da lei que permitia o Processo Seletivo Simplificado (PSS). Como resultado, a coleta de lixo foi afetada, com pilhas de entulho acumuladas nas ruas, e a saúde pública sofreu com a falta de médicos e outros profissionais. Para enfrentar a crise, a prefeita anunciou medidas emergenciais. Entre elas, a priorização do pagamento da folha salarial atual para evitar novos atrasos, a renegociação de dívidas com fornecedores e aposentados por meio de parcelamentos, a suspensão de contratações e investimentos não essenciais e a manutenção dos serviços básicos, como saúde, educação e limpeza pública. Rosana pediu paciência à população e garantiu que sua gestão será pautada pela transparência e planejamento. “Sei que muitos vão ficar chateados, mas não farei promessas impossíveis. Nosso compromisso é arrumar a casa e restabelecer os serviços essenciais para a população”, afirmou. Durante os 90 dias de fechamento da prefeitura, alguns órgãos manterão atendimento em escalas diferenciadas conforme a necessidade de cada secretaria, garantindo que os serviços essenciais não sejam interrompidos. Rosana concedeu entrevista ao lado do vice-prefeito, Anderson Carlos, conhecido como "Pêpa"; do advogado Dr. Adriano Lopes, e do chefe de gabinete Lúcio Romani.