26/04/2010

CÂNDIDO DE ABREU - Ações de cacique geram conflito entre aldeias indígenas da região Central

Insatisfeitos com o cacique da aldeia de Faxinal de Catanduva, cerca de 100 índios de outras aldeias da região invadiram a localidade no último sábado e depuseram o líder

(FOTO
Pedro Luca, cacique da aldeia de Faxinal de Catanduva, foi tirado do poder por índios rebelados e não voltou mais à comunidade)

Índios expulsos da aldeia de Faxinal de Catanduva, localizada em Cândido de Abreu, voltaram ao local e invadiram a reserva para protestar contra o cacique Pedro Luca. A revolta foi motivada pelo remanejamento de famílias para outras aldeias, decisão que cabe ao cacique, mas que não agradou aos índios que tiveram de sair. A invasão ocorreu na madrugada de sábado (24) e resultou na deposição de Luca pelos índios rebelados. Ele não estava na aldeia e agora encontra-se escondido. O confronto deixou feridas a mulher e a filha do então cacique. Armados com pedaços de pau, os índios sairam de Ortigueira e Manoel Ribas com destino à aldeia da Faxinal de Cantanduva, na região Central. O então cacique não estava no local na hora da invasão. “Se tivesse poderia ser fatal”, disse Dário Moura, técnico indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) na região. Segundo os costumes dos caingangues, o cacique tem o poder de escolher quais índios podem ou não morar dentro da área que ele chefia. Quando algum membro não é bem vindo, o cacique pode ordenar que ele se mude para outra reserva. Nos últimos tempos, os remanejamentos tornaram-se mais constantes, e os envolvidos começaram a questionar as decisões do chefe. A maioria dos índios que invadiu a aldeia era de ex-moradores de Faxinal de Catanduva, retirados do local por determinação de Luca. Durante o sábado (24), eles informaram a todos que o cacique estava deposto e colocaram outros dois homens da comunidade na liderança. Neste domingo (25), parte dos índios invasores voltou para as localidades de origem, mas outros ainda ficaram no município de Cândido de Abreu para se certificar que o ex-cacique não voltará ao posto. Luca agora encontra-se escondido para escapar de um possível confronto. No momento da chegada da caravana dos índios de Ortigueira e Manoel Ribas à aldeia de Cândido de Abreu, ele estava viajando e desde então não voltou ao local. A Polícia Militar não interveio na situação. A aldeia é território federal e apenas a Polícia Federal pode agir nesses casos, e ainda assim, com autorização da Funai. Segundo Moura, o escritório da fundação, localizado em Chapecó, foi avisado, mas ainda não deu retorno. “Eles escolheram o fim de semana, pois sabiam que a Funai não estaria aberta”, disse.
Saída da Funai do PR levou a protestos - A situação ocorrida em Cândido de Abreu, neste final de semana, foi comunicada à coordenadoria da Funai em Chapecó, porque os escritórios regionais no Paraná foram fechados em dezembro. O decreto 7.056/09 retirou poder das unidades da Funai no estado e as deixou subordinadas a uma coordenação em Santa Catarina. Antes do decreto, três escritórios de coordenação da Funai ficavam no Paraná, nas cidades de Curitiba, Londrina e Guarapuava. O estado conta com cerca de 14 mil índios aldeados, a maioria caingangues e guaranis, mas também são encontrados xetás e xoklengs. Desde a publicação do decreto, indígenas de todo o país se manifestaram contra a decisão. No Paraná, houve uma série de protestos, ao longo dos meses de janeiro e fevereito. No último deles, em Londrina, os manifestantes tentaram invadir uma usina. Além disso, uma estudante foi atingida por uma pedra que teria sido atirada por um índio.

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